Quando penso em esperas, sempre penso em bancos.
Mas sempre em dois bancos.
Assim como quando penso em solidão,
sempre penso em bancos.
Num banco.
Assim, as minhas esperas são sempre a dois.
A minha solidão, às vezes não foi a um.
Mas poucas.
E já não me lembro. Agora, não.
Agora, quando penso em bancos,
penso em dois bancos.
Sempre. E espero.
Tornei-me numa impaciente
que gosta de esperar.
Se alguém vir alguma contradição nisto
eu posso explicar.
O meu problema está em saber
explicar o que sinto. Enquanto espero.
Ah, o tempo.
Só por acaso o tempo está cinzento.
Quando espero o tempo nunca está.
Nunca dou pelo tempo,
desde que aprendi a esperar.
Isabel Faria